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Réplicas de dinossauro feitas com fibra podem ser observadas no interior do Vale dos Dinossauros |
Os boatos correram e já se dizia que eram marcas deixadas por um lobisomem ou alguma alma que vagara por aquelas terras distantes.
Mas aqueles misteriosos sinais tinham pouco de sobrenatural e eram pistas do plano terreno mesmo: pegadas de dinossauros, cuja veracidade seria confirmada pelo geólogo Luciano Jacques de Moraes, em 1924.
Localizado em Sousa, a 444 km de João Pessoa, a capital da Paraíba, o Vale dos Dinossauros possui 40 hectares de extensão e abriga pegadas pré-históricas sedimentadas no solo como as do iguanodonte herbívoro, um animal de 3 metros e que chegava a pesar 4 toneladas, e de ferozes carnívoros como o velociraptor ou o pterossauro.
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Uma das provas de que o sertão um dia foi o fundo do mar são essas mostras de pedras com marcas de conchas marinhas expostas no centro de visitantes do Vale dos Dinossauros, em Sousa, na Paraíba |
Os nomes complexos, acompanhados de descrições detalhadas sobre o cotidiano daqueles seres dadas pelo guia, nem sempre empolgam, mas ver de perto rastros de, aproximadamente, 110 milhões de anos pode ser uma das experiências mais inusitadas do interior do Nordeste brasileiro, mesmo após uma viagem de quase seis horas por uma das regiões mais quentes daquele estado e a estrutura precária do parque que, segundo funcionários locais, deve ser melhorada com a parceria de uma empresa privada.
O local, que faz parte de uma grande área de 700 km², conta com três passarelas para observação de pegadas e de 13 placas no solo que, juntas, totalizam 130 milhões de anos de informações geológicas; um pequeno centro de visitantes com um acervo formado por peças como uma árvore fossilizada de 110 milhões de anos e recortes de pedras com outros tipos de pegadas animais.
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Detalhe de uma árvore fossilizada de 110 milhões de anos encontrada na região do Vale dos Dinossauros, no sertão da Paraíba |
A região parece mesmo ter talento para os temas misteriosos e abriga também um hotel tradicional cujas águas locais possuem poderes terapêuticos.
Inaugurado no início da década de 40, o estabelecimento se localiza na zona rural de São João do Rio do Peixe e é conhecido pelas cinco fontes termais e pela argila medicinal utilizada em tratamentos de doenças de pele ou de beleza.
Segundo estudos feitos ainda na década de 30 do século passado, aquelas águas têm origem filoniana e atingem a superfície a partir de uma fenda geológica que seria resultado de antigas manifestações vulcânicas.
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Detalhe de uma das pedras que guardam pegadas de dinossauros de mais de 110 milhões de anos, em Sousa |
Em território tão árido e distante, o melhor programa ainda é ver rastros de dinossauros e tomar banhos em águas cujas temperaturas variam, naturalmente, entre 35° e 37°.
Nem a imaginação fértil daquela gente do final do século 19 foi capaz de imaginar tantas boas e misteriosas histórias para aquelas terras.
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