18 janeiro, 2012

Crânio de animal que viveu há mais de 260 milhões de anos no RS vai ser apresentado em museu

Após quase quatro anos de trabalhos de limpeza e restauração, o crânio de um antepassado dos mamíferos será apresentado no Museu de Paleontologia do Instituto de Geociências da UFRGS a partir das 10h desta terça-feira.
Encontrado em 2008 em São Gabriel, o fóssil é de um predador que pode ser considerado um parente pré-histórico dos leões.
O animal teria vivido no Rio Grande do Sul há mais de 260 milhões de anos. Os quatro dentes caninos grandes e curvados, em forma de gancho, são característicos de um carnívoro. Além disso, o crânio com quase 35 centímetros de comprimento (da parte posterior à ponta do focinho) apresenta oito pequenos dentes com serrilhas e outros quatro dentes incisivos em cada lado, totalizando 52 dentes.

A espécie foi chamada pelos pesquisadores de Pampaphoneus biccai, que significa "matador dos pampas" (o nome também homenageia José Bicca, proprietário da fazenda onde foi realizado o achado). Segundo o paleontólogo Juan Carlos Cisneros, responsável pela descoberta, ele é o primeiro animal carnívoro que viveu na América do Sul na Era Paleozoica.

— Ele não é um dinossauro, é um dincefálio, de um grupo de animais ancestral dos mamíferos — afirma.

De acordo com os cálculos dos paleontólogos, o predador pré-histórico seria quadrúpede e teria até três metros de comprimento (da face à ponta da cauda). Ele habitou a Terra no período Permiano, em uma época em que os continentes estavam se reagrupando. Alguns fósseis de animais semelhantes ao Pampaphoneus já foram encontrados na Rússia e na África do Sul.

Cisneros supõe que ele teria migrado entre as regiões devido ao alto poder de adaptação ao ambiente. Por comparação, o paleontólogo traça um paralelo com o puma, felino de grande porte que pode ser encontrado nas Américas:

— Ele era um predador de topo da cadeia alimentar, o equivalente ecológico a um leão. Ele desempenharia o mesmo papel na natureza que os grandes felinos.

No ano passado, o mesmo grupo de pesquisadores identificou um herbívoro da espécie Tiarajudens eccentricus, encontrado na mesma região. Cisneros afirma que o Pampaphoneus seria o predador deste animal. Ele ressalta que também já foram encontrados em solo gaúcho vestígios da existência de alguns anfíbios e répteis:

— No Brasil, quase tudo que se conhece desse período geológico foi encontrado no Rio Grande do Sul ou no Paraná.

O período Permiano foi o último da Era Palozoica. Cisneros destaca que o clima na região gaúcha, na época, era mais árido e sazonal, com grandes períodos de chuva e de seca, como no continente africano atual. Além disso, ele destaca a existência de muitos vulcões na época, cuja ação teria causado a extinção de 90% da vida existente na Terra.

Segundo Cisneros, a descoberta do predador dos pampas deverá ser publicada nesta semana na revista americana Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

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